Dias 26 a 28

26o dia – 25/04/2012
Roboré (BO) – Campo Grande (MS): 697 km

Sai as 7:20, depois limpar e lubrificar bem a corrente para tirar o “talco” acumulado no trecho de terra, e as 9:40 estava na fronteira. A estrada continuava um tapete, novinha em folha. O único evento inusitado foi uma boiada sendo tocada bem no meio da estrada, o que obrigou a mim e a alguns caminhoneiros circular pelo acostamento em meio aos bois.

Como não estava afim de esquentar a cabeça para abastecer e zerar os bolivianos que tinha fui direto para a fila da aduana boliviana. Porém quando percebi já estava atravessando a fronteira sem passar pela migração, também não fiz questão de voltar pois vi o tamanho da fila. Quando os soldados me pararam alguns metros a frente eu gelei por ter passado direto, mas nem documentos pediram, só fizeram perguntas sobre a moto e a viagem. Como fui educado e respondi com atenção as primeiras perguntas aparecerem mais soldados e quando me dei conta já haviam 8 soldados me enchendo de perguntas

Depois de 10 minutos de conversa segui para o lado brasileiro, onde pude passar direto, nem sequer me olharam. Fui a um posto no centro de Corumbá para aproveitar e dar uma volta pela cidade (fiz um city tour express). Abasteci a moto e os galões e tentei fazer o cambio dos 50 bolivianos que tinha, porém não consegui. Entrei na loja de conveniência e fiz um lanche delicioso com direito a ar condicionado – fazia tempo que não via isso em um posto!

De volta a estrada comecei a cruzar o Pantanal por uma estrada com longas retas e em bom estado de conservação, com exceção dos 30 quilômetros após a ponte sobre o rio Paraguai que estava com vários buracos. Nesta travessia vi alguns tucanos e tuiuiús voando, algumas araras paradas em uma espécie de palmeira e duas seriemas, uma cotia e um tatu no acostamento.

Assim que cheguei próximo Campo Grande transferi a gasolina do último galão para o tanque e joguei-os fora, pois sabia que dali em diante não teria mais problemas com a autonomia da moto. Coloquei o endereço da casa dos tios da minha mulher no GPS e fui direto, chegando as 15:30. Tomei um banho e coloquei o papo em dia com a família. Como é bom se sentir bem acolhido com se estivesse em casa.







27o dia – 26/04/2012
Campo Grande (MS) – Londrina (PR): 631 km

 Tomei o café em família e sai as 8:30, junto com eles que estavam indo trabalhar. Ainda dentro da cidade parei para abastecer e após rodar 55 km, já na estrada, a emenda da corrente soltou. Quando dei uma acelerada um pouco mais forte para ultrapassar ouvi um ruído e parei, só havia soltado a trava e uma placa. Como estava bem preparado e tinha uma emenda reserva fiz o trabalho no acostamento em 35 minutos, acho que pelos menos 20 minutos foram só para limpar as mãos.

A estrada de Campo Grande até a divisa com São Paulo está impecável, porém com grande fluxo de caminhões, mas nada que atrapalhasse o rendimento da viagem. Assim que parei para abastecer em Bataguaçú começou a chover (muito forte) e só parou quando cheguei a Londrina. A estrada entre Presidente Epitácio e Presidente Prudente esta boa, embora com alguns trechos com ondulações (na longitudinal) que acumulavam muita água. Já entre Presidente Prudente e Porecatu, a SP-483, está péssima. Muitos buracos, ondulações, sem acostamento e muito mato no acostamento (quando este existe). A PR-170 que conclui o caminho até Londrina não está diferente.

Seguindo a sugestão de um motociclista que encontrei em Porecatu peguei a esquerda ao passar por Florestópolis em direção Bela Vista do Paraíso e depois a Londrina. Opção acertada pois a estrada apesar de ser estreita e sem acostamento está um tapete e não aumenta a distância, além de não ter o trafego de caminhões.

As 18:35 estava instalado em um hotel simples, mas bom e bem barato próximo a rodoviária de Londrina as 18:35. Lembrando que perdi uma hora no fuso horário, 35 minutos para arrumar a corrente e muita chuva durante 230 quilômetros.

Para jantar optei ir a um hipermercado a 1 quadra do hotel, onde fiz um lanche na praça de alimentação e depois comprei algumas guloseimas para ficar petiscando enquanto assistia televisão (em português!)






28o dia – 27/04/2012
Londrina (PR) – Curitiba: 385 km

Embora tivesse poucos quilômetros a percorrer resolvi sair cedo pois a saudades estava grande, queria almoçar em casa (comida bem brasileira: arroz, feijão e bife) e como me conheço se tivesse algum problema na estrada e não cumprisse o programado iria ficar frustrado. As 6:30 entrei na estrada e de Londrina até a Mauá da Serra peguei um friozinho razoável (7 graus). Depois que comecei a descer a serra a temperatura ficou em torno de 15 graus e o seu parcialmente nublado e foi assim até Curitiba, onde cheguei as 11:25. A estrada em toda a sua extensão está boa, porém o pedágio é absurdamente caro.

Finalmente em casa são e salvo!!!!

Só tenho a agradecer a Deus por me proteger em toda esta jornada e ter permitido que mais um sonho tenha se realizado.

A minha mulher gostaria de fazer um agradecimento especial, pois me apoiou desde o dia em que comecei a sonhar com a viagem – obrigado meu amor.