Roboré (BO) – Campo Grande (MS): 697 km
Sai as 7:20,
depois limpar e lubrificar bem a corrente para tirar o “talco” acumulado no
trecho de terra, e as 9:40 estava na fronteira. A estrada continuava um tapete,
novinha em folha. O único evento inusitado foi uma boiada sendo tocada bem no
meio da estrada, o que obrigou a mim e a alguns caminhoneiros circular pelo
acostamento em meio aos bois.
Como não
estava afim de esquentar a cabeça para abastecer e zerar os bolivianos que
tinha fui direto para a fila da aduana boliviana. Porém quando percebi já
estava atravessando a fronteira sem passar pela migração, também não fiz questão
de voltar pois vi o tamanho da fila. Quando os soldados me pararam alguns
metros a frente eu gelei por ter passado direto, mas nem documentos pediram, só
fizeram perguntas sobre a moto e a viagem. Como fui educado e respondi com
atenção as primeiras perguntas aparecerem mais soldados e quando me dei conta
já haviam 8 soldados me enchendo de perguntas
Depois de 10
minutos de conversa segui para o lado brasileiro, onde pude passar direto, nem
sequer me olharam. Fui a um posto no centro de Corumbá para aproveitar e dar
uma volta pela cidade (fiz um city tour express). Abasteci a moto e os galões e
tentei fazer o cambio dos 50 bolivianos que tinha, porém não consegui. Entrei
na loja de conveniência e fiz um lanche delicioso com direito a ar condicionado
– fazia tempo que não via isso em um posto!
De volta a
estrada comecei a cruzar o Pantanal por uma estrada com longas retas e em bom
estado de conservação, com exceção dos 30 quilômetros após a ponte sobre o rio
Paraguai que estava com vários buracos. Nesta travessia vi alguns tucanos e tuiuiús
voando, algumas araras paradas em uma espécie de palmeira e duas seriemas, uma
cotia e um tatu no acostamento.
Assim que
cheguei próximo Campo Grande transferi a gasolina do último galão para o tanque
e joguei-os fora, pois sabia que dali em diante não teria mais problemas com a
autonomia da moto. Coloquei o endereço da casa dos tios da minha mulher no GPS
e fui direto, chegando as 15:30. Tomei um banho e coloquei o papo em dia com a
família. Como é bom se sentir bem acolhido com se estivesse em casa.
Campo Grande (MS) – Londrina (PR): 631 km
Tomei o café em família e sai as 8:30, junto
com eles que estavam indo trabalhar. Ainda dentro da cidade parei para
abastecer e após rodar 55 km, já na estrada, a emenda da corrente soltou. Quando
dei uma acelerada um pouco mais forte para ultrapassar ouvi um ruído e parei,
só havia soltado a trava e uma placa. Como estava bem preparado e tinha uma
emenda reserva fiz o trabalho no acostamento em 35 minutos, acho que pelos
menos 20 minutos foram só para limpar as mãos.
A estrada de
Campo Grande até a divisa com São Paulo está impecável, porém com grande fluxo
de caminhões, mas nada que atrapalhasse o rendimento da viagem. Assim que parei
para abastecer em Bataguaçú começou a chover (muito forte) e só parou quando
cheguei a Londrina. A estrada entre Presidente Epitácio e Presidente Prudente
esta boa, embora com alguns trechos com ondulações (na longitudinal) que
acumulavam muita água. Já entre Presidente Prudente e Porecatu, a SP-483, está
péssima. Muitos buracos, ondulações, sem acostamento e muito mato no
acostamento (quando este existe). A PR-170 que conclui o caminho até Londrina
não está diferente.
Seguindo a
sugestão de um motociclista que encontrei em Porecatu peguei a esquerda ao
passar por Florestópolis em direção Bela Vista do Paraíso e depois a Londrina.
Opção acertada pois a estrada apesar de ser estreita e sem acostamento está um
tapete e não aumenta a distância, além de não ter o trafego de caminhões.
As 18:35
estava instalado em um hotel simples, mas bom e bem barato próximo a rodoviária
de Londrina as 18:35. Lembrando que perdi uma hora no fuso horário, 35 minutos
para arrumar a corrente e muita chuva durante 230 quilômetros.
Para jantar
optei ir a um hipermercado a 1 quadra do hotel, onde fiz um lanche na praça de
alimentação e depois comprei algumas guloseimas para ficar petiscando enquanto
assistia televisão (em português!)
Londrina (PR) – Curitiba: 385 km
Embora
tivesse poucos quilômetros a percorrer resolvi sair cedo pois a saudades estava
grande, queria almoçar em casa (comida bem brasileira: arroz, feijão e bife) e
como me conheço se tivesse algum problema na estrada e não cumprisse o
programado iria ficar frustrado. As 6:30 entrei na estrada e de Londrina até a
Mauá da Serra peguei um friozinho razoável (7 graus). Depois que comecei a
descer a serra a temperatura ficou em torno de 15 graus e o seu parcialmente
nublado e foi assim até Curitiba, onde cheguei as 11:25. A estrada em toda a
sua extensão está boa, porém o pedágio é absurdamente caro.
Finalmente
em casa são e salvo!!!!
Só tenho a
agradecer a Deus por me proteger em toda esta jornada e ter permitido que mais
um sonho tenha se realizado.
A minha mulher gostaria de fazer um agradecimento especial,
pois me apoiou desde o dia em que comecei a sonhar com a viagem – obrigado meu
amor.