SPA (CH)
Hoje com um
pequeno atraso a van passou para me pegar as 7:10 para irmos visitar as laguna
Chaxa, Miscanti e Miniques. A van ainda fez mais algumas paradas para pegar
mais alguns passageiros e finalmente entrou na estrada.
A primeira
parada foi na Laguna Chaxa, que é a morada de dezenas de flamingos.
Infelizmente não vi muitos, mas foi o suficiente para ver a beleza deles em seu
habitat natural e fotografá-los é claro. A laguna está localizada no ponto mais
baixo de todo o Salar do Atacama e está a 2000 msnm.
O visual do
lugar, como praticamente todo o Deserto do Atacama, é incrível, ainda mais com
o sol aparecendo entre as montanhas e vulcões. Após 45 minutos caminhando /
tirando fotos da região com uma temperatura baixa (não levei o meu termômetro,
mas deveria estar perto dos 5oC)
retornei para o centro de recepção do turista do parque. Lá estava o Claudio, o
guia, com a mesa posta para o café da manhã. Durante o café ele foi dando uma
aula sobre a região, foi muito legal.
As 9:30
saímos do parque e fomos em direção as lagunas Miscanti e Miniques onde
chegamos as 10:40. Elas estão localizadas a pouco mais de 100 quilômetros de San
Pedro de Atacama e estão a 4200 msnm. Ao chegar fiquei um pouco chateado, pois
o tempo estava nublado e atrapalhou um pouco a paisagem, apesar disso é de
tirar o fôlego. Acho que não tem como descrever, só estando lá (as fotos podem
dar uma ideia). As duas lagunas estão praticamente lado a lado, porém a
Miscanti é muito mais bonita, pois além de ser 10 vezes maior, está emoldurada
por inúmeros vulcões nevados.
Depois
desta paisagem chegou a hora de retornar e as 13:00 estávamos em um vilarejo
chamado Socaire, onde almoçamos lhama cozida, quinoa, arroz e batata roxa (este
não estava incluso no pacote). Depois do almoço seguimos para Tocanao, um
vilarejo muito feio e que em minha opinião não vale a parada. As 15:45 a van me
deixou as 15:45 e as 16:00 outra veio me pegar para o outro passeio programado
para o dia.
Mais uma
vez com pontualidade a van passou para me pegar, mas ao contrário dos demais
passeios este guia Marcelo não era bom. Falava só o essencial e não se preocupava
se os estrangeiros estão entendendo. A primeira parada foi nas cavernas, já
dentro do Parque de La Luna. O caminho não é o dos mais fáceis, principalmente
para crianças e idosos e o guia não alertou sobre isso e pior há um trecho 100%
escuro. Ele não avisou e ainda pediu o celular de um dos turistas para que ele
orientasse o caminho – total falta de preparo. Desconsiderando isso o passeio é
legal.
Depois
saímos das cavernas, todas formadas em sal, fomos ver as formações rochosas
chamadas 3 marias. São legais, mas para quem já esteve em Vila Velha (PR) elas
não tem graça alguma. Retornamos e paramos no Alfiteatro, uma montanha rochosa
em forma de anfiteatro, muito bonita, mas o guia errou de novo. Ao nos deixar
para apreciar a paisagem não informou até onde os turistas poderiam ir. Obviamente
alguns saíram da área permitida e foram advertidos pelos guardas do parque.
Por fim
fomos em direção a Duna Grande onde eu imaginava ver o por do sol. Ela é
composto por uma areia grossa e misturada com pedras e sal. A Joaquina é mais
bonita e acho que maior, mas mesmo assim o visual é demais. Quando me acomodei
para ver o por do sol o guia chamou para irmos a um outro lugar melhor, segundo
ele. Fomos até a Rocha Couyote e ele realmente acertou, a paisagem é bem mais
bonita que a Duna Grande.
Sem dúvida nenhuma é o melhor
visual do Vale de La Luna e Vale de La Muerte. Simplesmente fantástico. Além
disso o guia começou a dar dicas valiosos do que fotografar apagando um pouco a
primeira péssima impressão. A dica mais importante dada por ele é para tirar
fotos do leste (e não do sol como todos fazem), principalmente entre as 19:29 e
19:38, pois as montanhas mudam de cor dezenas de vezes. Dito e feito, lindo! Ainda
mais com a lua cheia nascendo. Uma pena que a bateria da máquina acabou, fiquei
p......
Além desta
beleza fiquei impressionado como a temperatura despenca conforme o sol se põe,
facilmente deve baixar uns 5 a 10 graus em minutos. As 19:50 a van deixou-me na
pousada.
Peguei a
moto e fui abastecer, porém desisti, pois a fila era gigantesca. Devia ter pelo
menos umas 15 vans na fila do único posto da cidade. Mesmo sendo combustível
diferente usado pelas vans o frentista disse que eu teria que enfrentar fila
pois ele não achava justo eu passar a frente dos demais (ele não estava errado
não). Deixei para fazer este trabalho pela manhã. Comprei um lanche, fui para o
hostel arrumar a bagagem e antes das 22:30 já estava indo dormir.
7o dia – 06/04/2012
San Pedro de Atacama (CH) – Tacna (PE): 787 km
Acordei as
6:00, as 6:30 estava no posto (agora sem fila) e as 6:45 estava na estrada.
Peguei um nascer do sol lindo e um por de lua também (se é que existe esta
expressão, rsrs). O meu objetivo era chegar a Calama assim que as oficinas
abrissem para trocar a transmissão e seguir viagem. As 8:00 em ponto estava na
porta da oficina, porém ela ainda estava fechada. Imaginei então que abriria as
9:00 e fiquei aguardando, até que um funcionário da oficina que estava passando
pela frente parou e me informou que não iriam abrir, pois era feriado. Eu
totalmente perdido no calendário perguntei se era um feriado local e ele me
respondeu que era um feriado comemorado no mundo inteiro. Insisti e perguntei
que feriado era. Ele com uma cara de que não acreditava na minha pergunta
respondeu. – Hoje é sexta-feira santa!
Agradeci a
informação meio sem graça e nem perguntei se existia outra oficina. Segui
viagem lubrificando a corrente direto, praticamente a cada parada.
A paisagem do
deserto continua bonita e imponente pelas dimensões, porém com o passar do dia
começou ficar cansativo, com exceção da Cuesta de Chala com uma grande sucessão
de curvas subidas e descidas. Após passar Pozo Almond peguei um trecho com
grande distância entre os postos de combustível e fui obrigado a parar no trevo
de acesso a cidade de Porto Compras em uma oficina que também é uma
“gasolineira”. Ali coloquei 5 litros de gasolina manualmente pois pelas minha
contas não iria chegar a Arica com o que tinha no tanque.
Passei
direto por Arica e fui para as aduanas onde perdi (nas duas aduanas juntas) 1
hora e 45 minutos em burocracias. Somando a espera para a oficina abrir em Calama
(que não aconteceu) com as aduanas cheguei a conclusão que ir até Moquegua
seria cansativo e chegaria a noite. Por isso optei em ficar em Tacna hospedando-me
no hotel Bolivar. Bem novinho, porém não tinha garagem, o que foi resolvido com
a permissão para deixar a moto no saguão de entrada do hotel.
Ah, por
algum motivo o GPS não funcionou no Peru, ele informava que não está achando o
arquivo, não sei dizer o que houve. A partir deste dia até retornar ao Brasil o
GPS passou a ser somente um altímetro, pois deixei-o nesta função.
Depois de
um bom banho sai para fazer cambio, um city tour a pé e jantar. Como era
sexta-feira santa (agora eu sabia) a cidade estava em festa, com todo mundo nas
ruas e com várias procissões – um ambiente muito legal. Além disso a cidade é
muito bonita.
Enquanto
jantava uma pizza de alpaca (comi inteira) descobri que o fuso horário do Peru
é duas horas a menos que no Brasil.
8o dia – 07/04/2012
Tacna (PE) – Arequipa (PE): 391 km
Acordei as
6:30, o que foi fácil, pois para o meu relógio biológico eram 8:30. Coloquei os
alfojes na moto e as 7:05 estava saindo do hotel. Levei 15 minutos para acessar
a Panamericana, pois errei o caminho e fiz mais um city tour (sem querer) pela
cidade comprovando que é muito bonita.
A estrada percorrida
no dia tem trechos com longas retas em terrenos planos e algumas encostas com
muitas curvas e um visual muito bonito, basicamente composto por areia e rochas.
Apesar de mudar de nome não deixa de ser uma continuação do deserto do Atacama.
Além da parada em Moquegua para abastecer parei diversas vezes para fotos e as
12:30 cheguei a Arequipa. A cidade é grande (pouco mais de 900 mil habitantes)
e possui um trânsito caótico, principalmente quando se aproxima da Plaza de
Armas.
Na mesma
proporção que o trânsito vai ficando mais caótico as igrejas e monumentos vão
ficando mais bonitos. Assim que instalei-me no Hostel Casona Blanca a 3 quadras
da Plaza de Armas (muito bom) fui a uma lavanderia na mesma quadra do hostel e
deixei minhas roupas para lavar. Depois disso sai para passear pela cidade e
até cansei de tirar fotos, rsrs.
Fui a uma
“polleria”, um tipo de lanchonete muito comum no Peru, onde comi 1/8 de pollo
(frango com fritas e saladas) e depois visitei o Monastério de Santa Catalina.
Dispensei a guia (já incluso no ingresso), pois a visita guiada leva 1 hora e
40 minutos e achei que seria muito chato. Peguei o panfleto e segui as
indicações. A arquitetura e grandiosidade do lugar impressionam, assim como a
tranquilidade e paz do lugar – é muito legal.
No início
da noite na Plaza de Armas vi mais manifestações religiosas assim como em
Tacna. Não sou católico e mesmo assim fiquei muito emocionado da mesma forma
que no monastério.
Durante o
dia inteiro fiquei procurando os picos nevados que ficam no horizonte atrás da
catedral, mas infelizmente o céu estava nublado. Ao entardecer o céu abriu um
pouco e consegui ver parcialmente os vulcões, mas vou ter que voltar lá para
vê-los, rsrs.
9o dia – 08/04/2012
Arequipa (PE) – Nasca (PE): 569 km
Nesta manhã
bati o recorde pois em 20 minutos me arrumei, coloquei os alforjes e sai do
hotel. Antes de pegar as avenidas (que estudei no mapa) para sair da cidade
passei pela Plaza de Armas e consegui tirar algumas fotos da catedral com os
vulcões Chachani e Misti (6075 e 5822 msnm respectivamente) ao fundo, uma pena
que a luz do sol não estava na melhor posição. Tiradas as fotos fiz o caminho
estudado (pois estava sem GPS), consegui sair da cidade sem me perder e as 7:15
estava na estrada.
Nos primeiros quilômetros a Panamericana segue o padrão
do dia anterior, longas retas e algumas “cuestas” com muitas curvas. Depois de
100 quilômetros a estrada muda a direção e vai em direção oeste num trecho com
grandes decidas e muitas curvas. Após chegar ao litoral a ela fica prensada entre
a cordilheira e o pacífico. O visual é maravilhoso e “exigiu” muitas paradas
para fotos.
Após 80 km margeando
o pacífico vi uma placa dizendo “Atenção Zona de Neblina”. E não é que ela
apareceu!!!! Achei muito estranho, pois era próximo do meio dia e o céu estava
impecável (tipo céu de brigadeiro). Essa neblina seguiu por quase 200km até quando
a estrada afasta-se do mar em direção a Nasca.
Além das
inúmeras paradas para fotos parei em Atico para abastecer e em Chala parei para
tirar fotos de pelicanos. Esta última é o único balneário desde Camaná (onde a
estrada chegou ao litoral) que possui praias com areia, no restante são somente
rochas e penhascos.
A estrada é
boa e sem buracos, mas tem vários quilômetros sem demarcação, muitos trechos
com areia sobre a pista e pedras caídas dos penhascos em algumas curvas.
Portanto apesar da tentação de ficar olhando o tempo todo para o mar tem que
prestar muita atenção na estrada.
Ao chegar
em Nasca, as 15:00 horas, fiquei decepcionado pois a cidade é muito feia e desorganizada.
O único ponto mais ou menos organizado é a praça principal em frente ao Hotel
El Mirador onde fiquei. Até então esta foi a cidade mais feia da viagem e esse
título foi sustentado até o fim da viagem, superando inclusive as cidades
bolivianas. Ela tinha uma população de 10.000 habitantes em 1990 e hoje são
mais de 80.000, crescimento devido a mineração de cobre e ouro. Infelizmente a
infra estrutura da cidade não acompanhou este crescimento frenético e virou uma
bagunça.
O hotel não
tem garagem e mais uma vez deixei a moto no saguão, porém o meio fio em frente
ao hotel é muito alto e com certeza uma moto mais baixa que a XT bateria o
fundo. Depois de instalado e tomar um bom banho fechei os serviços no próprio
hotel para o voo sobre as linhas de Nasca, passeios nos Paredores, Geoglifos
Telar e os Aquedutos.
Tudo
acertado para os passeios sai para fazer um city tour a pé, no qual comprovei
que a cidade é realmente uma zona, ligar para minha mulher e jantar no
restaurante Costumbres praticamente ao lado do hotel onde é possível comer
muito bem por 10 soles, vale a pena.
Nasca (PE): 0 km
As 7:15
passaram para me pegar no hotel e as 7:30 já estava no aeroporto. Fiz os
trâmites burocráticos, inclusive pesagem e as 8:30 eu e uma alemã entramos no
pequeno Cesna para um voo de 45 minutos sobre as linhas de Nasca. O passeio foi
legal, embora eu tenha passado muito mal, suei frio (muito) por mais da metade
do vôo para não vomitar. O avião vira para todo o lado, curvas, curvas, curvas
e bem fechadas. Ele faz estas manobras para passarmos por todos os geoglifos e
também para que os dois passageiros possam ter a visão perfeita da figura.
Percebi que não fui só eu que passei mal, a alemã também ficou enjoada. Os dois
pilotos só riam, uns sacanas.... Independente disso é muito legal, vale muito a
pena, faria de volta. Mais incrível ainda é acreditar que aquilo tudo foi feito
a mais de 2000 anos.
Depois a
agencia de turismo me deixou no hotel para tomar café, que não foi fácil, pois
o estômago só voltou ao normal próximo das 15:00 horas. As 11:00 voltaram me
pegar para conhecer algumas ruínas Los Paredones, os Geoglifos de Telar (onde
pude ver as linhas do chão) e os aquedutos.
As linhas
são feitas com a retirada de uma pequena camada da superfície do deserto, no
máximo 10 centímetros de profundidade. É algo tão sutil que ao estar ao lado
delas praticamente não dá para perceber. Elas foram construídas de forma que os
ventos que sopram no fim da tarde varrem a poeira e assim mantendo intactas as
linhas até hoje.
Os
aquedutos mostram o quanto o povo Nasca entendia de engenharia, pois como
viviam no meio do deserto e não tinham água construíram uma rede de tubulações
subterrâneas (algumas com mais de 30 quilômetros de extensão) para trazer a
água do degelo dos picos nevados da cordilheira. Para ter acesso fácil a água
em alguns pontos os nasças construíram espirais que permitiam chegar a 3 metros
de profundidade. O mais incrível é que isso funciona até hoje suprindo toda a
cidade de Nasca com água potável.
Neste segundo
tour do dia o guia dirigia de forma bem diferente dos demais peruanos. Perguntei
porque e ele disse ter morado 22 anos nos EUA e hoje só consegue dirigir na
defensiva. Almoçei no mesmo restaurante que jantei na noite anterior e
exatamente no horário marcado o guia José Manuel da Paramonga Tours (empresa
que fiz os passeios) passou no hotel para me levar a uma oficina (uma portinha).
Conversando com os mecânicos cheguei a conclusão que colocar a transmissão sem
abrir a corrente seria arriscado, pois eles nunca haviam desmontado a balança
de uma moto daquele porte. Sendo assim optei em colocar uma emenda, mesmo não
sendo muito recomendado. O pessoal trabalhou direto e em duas horas ela estava
pronta, ou seja, ganhei um dia em relação ao meu cronograma inicial. Cobraram
somente 60 soles pelo trabalho.
De volta ao
hotel fui a recepção, onde o wi-fi funcionava e comecei a rever o meu plano de
viagem. Minutos depois de ligar o computador chegou o guia José e perguntei a ele
sobre Paracas, pois alguns turistas que encontrei pelo caminho falaram muito
bem deste lugar. Ele me deu uma aula, dicas de onde dormir e de quebra ainda
ligou para lá para ver os horários de saída dos barcos para as Islas Ballestas.
Antes dele sair dei uma gorjeta por toda ajuda prestada.
Após
decidido e tudo estudado para ir a Paracas saí para jantar. Desta vez optei por
um restaurante na esquina oposta ao hotel (infelizmente não anotei o nome). Depois
de muitas tentativas de entender o que era Res resolvi pedir o prato mesmo sem
saber o que era. O prato consistia de coração de Res e batatas fritas, muito
bom. Assim que cheguei ao hotel acessei a internet para descobrir o que eu
havia comido. Segundo o dicionário Res é qualquer animal quadrúpede que se
abate para comer, ficou claro que bicho é ?!?